04 setembro 2006

Fala, Matilde - 4ª parte


Cigarros, Fernando Botero


- O Genivaldo ganhou propina na venda da Central Elétrica.
A família começou a temer levar a matriarca para locais públicos, mas não teve como evitar que ela estivesse presente no enterro da filha Joice. E justamente quando descia o caixão, entre choros comovidos dos filhos, noras e netos, que Dona Matilde resolveu manchar de vez o nome e a reputação do seu falecido Genivaldo, o deputado que tanto orgulho trouxe à cidade. O viúvo, ex-prefeito e braço direito do deputado, não conteve a ira e gritou:
- Será que não dá para calar a boca dessa velha?
A irmã e o irmão da mais nova falecida da família, protestaram pelo desrespeito, mas em voz baixa, porque também estavam agora ofendidos. Resolveram então que, a partir daquele dia, Dona Matilde ficaria apenas em casa, no máximo um banho sol de uma hora por dia.

4 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

Autentico ele, não?

Moita disse...

Ta ficando esplêndido.

Vamos a parte 5.

Abraços

+ Kazzx + disse...

CAro Silvio,

Deixa Dona Matilde Falar, tá demais....

Abçs

Anônimo disse...

Você criou uma Matilde que me faz rir e chorar. Agora, que a família dela é de doer, isso é!
Ótimo, Sílvio!
Beijos