21 dezembro 2006

Amnésia virtual - 2

Achou aquilo muito estranho e quando ia buscar os Dvds com cópias de imagens de 2009 a 2011, viu o holograma seu irmão tremulando em má sintonia na sala, perguntando-lhe sobre fotos digitalizadas. Descobriu então que o problema era maior ao acessar a hipertela onde a notícia já circulava mundo a fora. Todas as imagens haviam sido dissolvidas devido ao baixo teor de ozônio da atmosfera coincidente com uma tempestade radioativa que se abatia do sol em direção aos planetas. Nada que afetasse fotos obtidas nos arcaicos filmes, mas que simplesmente reduziram a cinzas imagens digitais, impressas ou não. Daquelas registradas em papel, em jato de tinta ou laser, sem o uso do fixador, simplesmente descascaram ou desbotaram até virar um papel velho, enrugado e inútil. Nos álbuns eletrônicos, armazenados em nano arquivos, mesmo digitalizados em hipergigamegabites, o que se via era apenas a marca do fabricante desbotada e oscilante na tela.

19 dezembro 2006

Amnésia virtual - 1

foto daqui

Ao abrir o arquivo digital de seu álbum eletrônico, não havia mais uma foto sequer. A princípio achou que fosse uma pane, nada mais que o velho control+alt+del não resolvesse. Lembrou que no notebook aposentado que estava no sótão havia boa parte das fotos que tirara entre 2003 e 2008. Foi até lá, revirou algumas caixas e lá estava a velha máquina ainda de tela de plasma, antiquada e sem 3D. As baterias ainda poderiam ser carregadas e pôs-se a resolver seu problema. Abriu o arcaico Windows Vista e lá estavam seus textos, planilhas..., mas nada de imagens.

12 dezembro 2006

Parapeito - X

A medida que a escada se movimentava com a subida de alguém, ela esperava que fosse um bombeiro de rosto rude e corpulento. Contra o néon do Motel Amor Clandestino surgiu a cabeça de alguém que ficava com o rosto escondido pela luz que o iluminava por trás. O luminoso, como se colocado ali de propósito, estava parcialmente oculto deixando ler apenas "amor", seguido pela figura oculta e pela palavra dividida "...destino". Marieta jurava que ouvia uma música vindo de seu apartamento naquelas frações de segundo que precediam o resto de sua vida. Ele largou sobre a marquise uma câmera fotográfica com zoom, a que logo Marieta identificou como sendo a luneta que vira já há algumas vezes. Ele perguntou se ela estava bem ao que ela escutou em sua voz máscula e segura que queria saber como ela estava, que se preocupava com ela, que ela não se importaria de ouvir no resto das manhãs que viriam, e ela respondeu um lacônico sim. Ele falou que percebeu o que havia acontecido. Sim, ele se importava com ela. Ela tentou falar de um acidente, enquanto escondia seu binóculo às costas. Ele estendeu-lhe a mão e ela já voava com ele, feito um filme antigo de super-homem. Ela levantou-se, ajeitou como pode o seu hobby e mostrou a janela trancada, talvez você queira entrar comigo e deitar-se em minha cama... Ele chegou junto a janela, espalmou a mão enorme no vidro e o ergueu até poder colocar a outra pela fresta e terminar de levantá-lo. Não, ela não queria mais sair dali, queria ficar mais tempo com ele, abraçá-lo, quem sabe fazer algumas fotos com sua câmera enorme. Ele entrou no apartamento e ajudou-a a subir. Falou-lhe de que a conheceu fotografando o pôr de sol e os pássaros urbanos. Ela quis calar sua boca com um beijo e ele falou de tê-la visto várias vezes e se aproximou dela. Marieta já precisou imaginar mais nada.

04 dezembro 2006

Parapeito - IX

Imagem

nota sobre os estereogramas:
Estereogramas são imagens que ocultam um efeito de 3D. Para visualizá-las, clique na figura para abri-la em tamanho maior, depois aproxime-se à tela, procurando seu próprio reflexo. Permaneça assim por alguns instantes até que uma imagem tridimencional comece a se formar. Associei essas imagens à personagem, que busca outra dimensão de suas fantasias na sua incessante procura pelo desejo.


Nos primeiros minutos, ela apenas pensava em chorar, ao dar-se conta de que era impossível ser expectadora na vida. O movimento no motel continuava e sua preocupação, agora, não era procurar ver e, sim, não ser vista. Depois de algum tempo, percebeu que não haveria como não ser notada pela luneta que vinha lhe observando há algum tempo. Procurou-a atrás da luz do poste que lhe ofuscava as vistas, mas nada pôde fazer. Quando já estava cansada de suas conclusões filosóficas, levantou-se e tentou abrir a janela, sem sucesso. Voltou a sentar junto à parede de sua janela e ficou imaginando a si mesma vista da janela da luneta. Primeiro ligou o som e começou a dançar languidamente. Começou por mostar o ombro e foi deslizando o hobby rosa pelo braço, segurando na altura do peito para dar mais emoção ao momento. Virou-se de costas, balançou a cintura, desceu todo o seu traje, deixando as costas de fora, virando a cabeço para mostrar seu rosto de prazer. Depois soltou a faixa da cintura e ficou segurando seu hobby aberto na frente, que estava direto para a parede deixando-o suspendo pelas mãos que o retinham na altura do quadril. Naquelas alturas, já tinha um enorme poá de rosa vivo e cintilante no pescoço, que ao deixar cair seu traje, cobriu-lhe os seios e seu sexo. Girou então suavemente fazendo o poá balançar ao vento deixando seu corpo à mostra por breves instantes. A música foi terminando e ela viu-se sentada no mesmo lugar de hobby entreaberto, quando uma escada apontou na marquise.