05 outubro 2006

A Olho Nu - 6ª parte


O sexo veio ao natural. Conheci uma garota que usava um perfume de flores que nunca encontrei antes. Foi lendo Neruda que tudo aconteceu. Ainda sinto meus dedos contornando suas curvas, buscando seus segredos e umedecendo em suas entranhas. Os gemidos que compartilhamos pareciam vir de um só corpo quando a penetrei. Beijei seus olhos e os senti fechados, como se procurasse igualar a mim e maximizar o prazer das carícias. Repetimos algumas vezes, ouvindo música clássica, jazz, blues, bossa nova. Neruda combina com blues, Vinícius, obviamente, com bossa nova e um tango me dá um prazer muito mais intenso. Diva se foi, sem me avisar. Lembro apenas do sabor de sal de suas lágrimas que só fui reencontrar no mar, anos depois. A sensação que tive de encontro ao mar é que ali estavam todas as partidas, todos os amores perdidos, todo o adeus possível. Ali, naquela areia fina que me permeava os dedos, diante a imensidão das despedidas que me molhavam em ondas, me descobri poeta.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Silvio, quisera eu que meu comentário fosse tão suave e delicado como esse post, senti-me como o ouvisse contar com voz doce e calma!
Lindo e encantador!
Bom domingo, beijos e chocolates !