16 dezembro 2005

noite de luz


Daqui de tua lixeira, onde remexo teu lixo incógnito, vejo tua janela aberta, vejo tua família ao redor de uma mesa farta, vejo luzes, enfeites vermelhos e dourados, vejo uma árvore mágica que pisca sobre enormes caixas com laços enormes e brilhantes.

Daqui de tua lixeira, recolho o que te resta, procuro algo que termine o tormento da fome que agride meu corpo e daqueles que lá em casa me esperam de braços abertos e olhos profundos.

Daqui de tua lixeira, onde sou transparente e tu não me vês, vou partir nessa noite de paz, nessa noite feliz para alguns e quem sabe levar um bocado de tua alegria e compartilhar em minha mesa com o meio panetone que aqui encontrei.

E lá na barranca do rio, vou chamar o menino que por lá passa, sem pai e sem amor, perdido entre a cola que lhe disfarça a fome e o desejo contido de ser acolhido para levá-lo a minha casa, sentá-lo junto de nós e celebrarmos nosso Natal em família.

Não terei tantos enfeites nem luzes que lampejam cores brilhantes, mas dividirei meu jantar humilde, quem sabe um pedaço de carne com meu irmão perdido, junto com minha família amada e trarei para junto de nós o verdadeiro espírito dessa noite de luz.

6 comentários:

Santa disse...

Triste!

Portobello disse...

Tierno cuento que habla muy bien de lo que son estas fechas, compartir y dar lo poco o mucho que tengamos. Ofrecer amor y amistad y sobre todo solidaridad con los más infelices, aunque eso debe extenderse a todo el año. Beijos Silvio

Lata Mágica Recife disse...

Sílvio, preparamos um post especial de Natal.Agradecemos a força que deu!!Feliz Natal.

Angela Ursa disse...

Boa noite, Silvio! Este texto é um presente de Natal e uma lição de afeto. Beijo da Ursa

Jean Scharlau disse...

Sim, menos fogos e mais calor para com os manos humanos.

Santa disse...

Sílvio, tens notícia da saramar??? Tem um comentário aflito lá no blog. Beijos.