08 junho 2006

Atrás de seus olhos - Rodrigo

Meu nome é Rodrigo. Sou adolescente e adoro vir ao shopping. Sempre tem gente bonita por aqui e acontecem muitas coisas doidas. Gosto de vir com meu amigo Diogo porque a gente tem muito em comum. Sentamos sempre perto da entrada do estacionamento para poder ver todos que entram e saem daqui, principalmente as gatas.
Estudamos aqui perto num curso de pré-vestibular. Eu quero ser jornalista e o Diogo, arquiteto. Tem tudo a ver comigo e com ele, se bem que às vezes penso em fazer o vestibular para Direito. O bom de ser jovem é poder escolher. O lado ruim é o mesmo... Poder escolher qualquer coisa e depois arriscar a se arrepender. Nossos colegas vêm com a gente e ficamos curtindo as pessoas que aparecem por aqui. Tem de tudo num shopping center: pessoas que vêm sempre, tem garotas de bundas gostosas e muita paquera, além de uns chatos que não sei o que fazem aqui.
Naquela mesa ali está o Sr. Robinson. Ele é o diretor do curso. É um velho solitário e triste. Paga mal os professores e vive cobrando a mensalidade dos atrasados. Está sempre sozinho. Também pudera, quem poderia gostar um espécime desses? Acho até que ele não curte mulheres ou esqueceu de como elas são. Tampouco ele seria capaz de um gesto de carinho. Aquele homem nasceu para passar a vida inutilmente.
O Diogo me ofereceu um baseado outro dia e me passou por baixo da mesa aqui no shopping mesmo. Olhei para ele e fiquei admirado da audácia que ele mostrou. Depois saímos daqui e fumamos juntos. Ele ficou com uma cara estranha prá mim e eu quase vomitei de tontura que aquele troço meu deu. Gosto dele, porque apesar de tímido é um crânio. Sempre aprendo com ele. Ele me empresta alguns livros. Eu finjo que leio alguns e devolvo depois de uns dias. Não quero decepcionar meu amigão.
Aquela ali é a vó do Diogo. Ela sempre vem no shopping com as amigas viúvas. Ela já está bem velhinha, mas mora sozinha e ajuda no Lions Clube. O Diogo me disse que quando ela era mais nova trabalhou no cinema, mas o avô dele não a deixou continuar, quando casaram. Coisas daquela época. Ela tem um nome de velha, que não me lembro. Passa por aqui e sempre que pode o Diogo faz um elogio para ela. Ela acena e vai adiante para encontrar-se com suas duas velhas amigas. Hoje ela está mais séria, então o Diogo achou estranho e quer falar com ela. Eu disse para ela não pagar esse mico de falar com a velha em pleno shopping.
Virei a coca-cola, cadê a faxineira? Aqui!
Olha que legal esse pai com o menino! Tenho saudades de quando vinha aqui com meu pai, mas se eu falar isso prá turma vão cair na minha cabeça. O meu pai era bem legal comigo quando eu era garoto, depois ele foi se afastando de mim e pouco o vejo em casa ultimamente, até porque raramente estou lá.
Nossa, que mulherão! Mostro para o Diogo aquela bunda dois-prá-cá-dois-prá-lá. Ele confere, mas não dá muita bola. Esse vestido vermelho é um pedido de sexo. Coxas grossas, bunda firme, tesão! Parece um filme nacional antigo. Já transei uma vez, mas foi depois de uma festa na casa de um amigo, na dispensa da casa dele. Foi legal, mas esperava mais para a primeira vez. A gente nunca mais ficou, mas ela já ficou com a rapaziada da escola, menos com o Diogo. Estou ficando preocupado com meu amigo. Vou ter que arrumar uma mulher prá ele...

2 comentários:

Anônimo disse...

Narrativa madura. O conto é muito bom.

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Toque das ruas disse...

Sílvio,
Hunn! O conto vai render...Beijinhos.