18 dezembro 2007

Outro lugar fora de mim - parte 5


Ao contrário do que imaginava, a semana passou rapidamente. Conseguiu cancelar o contrato de aluguel, ligou para alguns conhecidos e enviou alguns pertences para a família, no Paraná. Seu vôo estava confirmado para aquela noite, sexta-feira. Chegaria no sábado em Nova Iorque, iria até o apartamento que a empresa reservava para novos contratados de outros países e na segunda-feira se apresentaria no escritório. Aproveitou as poucas horas que sobraram durante a semana para conhecer a cidade virtualmente, assim como a empresa. Pelo site que visitara seria o melhor lugar do mundo, com todos os benefícios e planos de ascensão profissional. Imagens de um escritório amplo, com vista para o Empire States. Depois de tantos anos, finalmente Eduardo estava com alguma perspectiva à frente. Lenice ia se apagando de sua memória à medida que ele se interessava mais pela aventura que decidiu embarcar.


Sua poltrona era a 38F. No meio do avião, poltrona central na fileira que ficava no meio da aeronave. Era realmente muito estreita e em ambos os lados duas pessoas acima do peso lhe deixavam mais prensado ainda. De um lado uma simpática velhinha que contou a vida de todos os filhos e netos durante boa parte da madrugada, até tornar-se antipática. Do outro um rapaz muito alto, de pernas compridas, que obrigatoriamente ficavam abertas e, por conseqüência com o pé para o seu lado. Não falou nada durante a viagem, mas pode ver uma enorte tatuagem no braço peludo, que dedilhava no suporte da poltrona alguma música que escutava no fone de ouvido.


Quando já era quase de manhã, levantou-se de seu lugar e foi até o banheiro. Estava ocupado. Esperou um pouco até que a porta se abriu e teve uma visão que deixou-lhe atordoado. Uma linda e loira mulher, quase tão alta como ele, talvez 1,80 m, no máximo dezoito anos, que lhe sorriu e confessou:


- Desculpe, moço. O que é "flush"?. É a primeira vez que viajo de avião...


Eduardo emudeceu por alguns instantes e, ao vê-la cerrar seu sorriso, abriu o seu.


- Não se preocupe... - Não conseguiu dizer mais nada.


Ela andou até sua poltrona que ficava na primeira fileira, de frente a parede, onde acomodou-se junto à janela e ficou admirando o sol nascer como uma menina no primeiro dia de férias.


-continua-


imagem daqui

Nenhum comentário: