10 novembro 2006

Parapeito - III




Ao chegar em casa, a primeira coisa que olhava era para a janela, antes mesmo de largar a bolsa, tirar o uniforme do laboratório de análises, onde trabalhava, ou até mesmo apanhar algo na geladeira para saciar a fome. Sua fome era outra e por isso deixava já a manta ao alcance para apoiar-se no parapeito nas noites frescas de primavera.
Naquela noite, mal havia se acomodado, quando tocou a campainha e para sua surpresa, suas quatro colegas de trabalho adentraram o apartamento cantando parabéns, com um bolo, algumas cervejas e salgadinhos. No início não entendeu o que ocorria, pois fazia algum tempo que não contava os anos. Eram, na verdade, três mulheres e um gay, mas ao seu nível de proximidade tratavam-se no mesmo gênero. Eram as quatro um grupo muito próximo e ela um quinto elemento, preservando a distância que sempre a manteve longe das pessoas e próxima a suas fantasias.
Ela deu ainda uma rápida olhada pela janela, onde podia ver que o movimento no motel já se iniciara. Deu um suspiro, abriu um sorriso meio de agradecimento, meio de obrigação e as convidou a sentar. Ficou em sua cadeira e entre um salgadinho e um gole, espiava para fora sua noite de sonhos perdidos.

3 comentários:

Moita disse...

Amigas da onça, sacanearam a Marieta.

Como será que ela irá dormir hoje, sem sua estafante noite de prazer?

A não ser que...

Abraços

+ Kazzx + disse...

Caro Silvio,

Mesmo com bolo e cerveja a janela é mais promissora para uma boa noite de aniversário, pelo menos para a Marieta.

Abçs

Anônimo disse...

Ja saiu meu primeiro conto, valeu, lê lá e me diz o que achas? Abração.
Tônio