25 julho 2007

No ar: sorrisos - Capítulo 2

imagem: Aeroporto Internacional Salgado Filho, Porto Alegre, de onde partiu o vôo 3054, da TAM.
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A sala de embarque estava cheia. Passageiros de vários vôos duelavam por poltronas, sem saber por quanto tempo esperariam. Nada adiantara chegar cedo: Joelma apoiou-se na coluna, próximo a um enorme vaso onde uma planta raquítica sobrevivia. Abriu seu livro, pensou na filha e passou-lhe pela memória a imagem de Bruno, seu ex-marido que agora estava na China. Bruninha com seu pai distante... Sentiu-se culpada, fechou o livro que nem lera a primeira palavra e rodou seus olhos pelo ambiente. Com freqüência via em outros homens o rosto de Bruno, como se fosse uma imagem que vagava permanentemente em sua memória. Porém, quando Itamar se aproximou com um sorriso e um bombom na mão, a figura desfez-se de imediato e, como se sempre o tivesse conhecido sem nunca tê-lo encontrado, entregou seu sorriso.


Itamar havia perdido o seu vôo, mas como isso era tão normal para ele, nem se incomodava. Sabia que a funcionária da companhia já asseguraria sua poltrona, conforme havia combinado há quase dois anos de vôos semanais a São Paulo. O lugar ao lado de Joelma não foi por sua interferência e pedido. Quis o destino acomodá-los juntos. Não foi difícil percebê-la em pé na lateral da sala. Com um livro na mão, o cabelo liso e longo que emoldurava um rosto alvo e de traços delicados, lá estava ela. Aproximou-se, sorriu. Ainda sobrara um bombom que tinha guardado para o vôo, mas achou melhor investi-lo numa apresentação diferente. Quando ela lhe retribuiu o sorriso pode perceber os olhos verdes e brilhantes flanando sobre a voz delicada, que num sotaque porto-alegrense, disse:
- Obrigada, estranho!

4 comentários:

Giulia disse...

Olá, Silvio. Gostaria que fosse ao blog da Santa ler meu comentário URGENTE. Um abraço!

Raquel disse...

Bom eu vou ser bastante sincera, não aguento mais ouvir falar deste acidente, a pergunta é: E o que vamos fazer para mudar isso???
Vamos ficar assim... chocados... parados... imóveis???
Vamos???

david santos disse...

POR MUITO QUE CUSTE A MUITA “BOA” GENTE, NÃO VAMOS DEIXÁ-LO ESQUECER.

Esta semana venho incomodar todos os blogues brasileiros. E por quê? Porque não quero que esta data fique esquecida. Mas que data? Pois é, é mesmo isso! Este ano, de 2007 faz 160 “cento e sessenta anos”, que nasceu um grande vulto da poesia brasileira. Quem foi?
Faz também este ano, 2007, 136 “cento e trinta e seis anos” a data do seu falecimento.
Quem foi? A resposta deve ser dada por iniciais, nada de nome completo
Eu não devia ajudar nada, mas vou-vos dar um cheirinho: “Espumas Flutuantes”, Salvador da Bahia, 1870.

Quem souber, pode deixar a resposta no meu último poste.
Quem não souber, tenha a dignidade de perguntar no mesmo local. Pois aprender não enche barriga nem mata miolo.

David Santos

Anônimo disse...

Meu comentário não vai passar a doçura e melancolia do texto. Fica aqui apenas implícito meu elogio.

(: