Todos sabem que o presidente americano é um comediante frustrado. O que ele não sabe é que traz em seus gens a comédia. Durante a lua-de-mel de seus pais, no Rio de Janeiro, sua mãe teve um affair com um comediante brasileiro e levou consigo o futuro senhor da guerra. Mas isso já é outra história...
30 maio 2007
Isso já é outra história - 2
Todos sabem que o presidente americano é um comediante frustrado. O que ele não sabe é que traz em seus gens a comédia. Durante a lua-de-mel de seus pais, no Rio de Janeiro, sua mãe teve um affair com um comediante brasileiro e levou consigo o futuro senhor da guerra. Mas isso já é outra história...
contado por SV às 09:44 2 contando encontros
29 maio 2007
Vídeo & Verso
Nasce um novo blog de poesia em movimento.
Confira:
Enfrentando a inquietante paralisia que ocupa o verso da poesia
contado por SV às 16:20
24 maio 2007
Isso já é outra história - 1
Desafiando a história escrita esse blog resolveu reescrevê-la.
Che Guevara não morreu
O argentino Che Guevara, acometido por uma diarréia, não pode ir para o interior da Bolívia e mandou um amigo cubano em seu lugar. Morto em emboscada, manchete no mundo todo, a foto do sósia foi vista pelo amigo Che, que repousava num hospital em La Paz sob codinome de Odair José. Após o primeiro choque, resolveu aproveitar a chance que a história lhe deu e fugiu para o Brasil, onde tornou-se cantor brega e fez sucesso com a música “Pare de tomar a pílula”. Mas isso já é outra história...
contado por SV às 10:13 5 contando encontros
14 maio 2007
Carolina quer falar
- Oswaldo, és tu?
- Sim, Carolina, sou eu...
- Que saudades, Oswaldo...
- Não fales muito, descanses.
- Preciso falar, Oswaldo. Tenho tanto a te dizer.
- Mas tu precisas repousar.
- Oswaldo, sempre te amei.
- Carolina...
- Não fales nada, Oswaldo. Eu não queria ter te deixado...
- Mas...
- Naquela noite, ao final do baile, quando meu pai nos pegou...
- Carolina...
- Preciso falar, por favor. Naquela noite eu não devia ter aceitado que ele me mandasse para tão longe. Eu fui sofrendo, pensando em ti o tempo todo...
- Mas Carolina, querida...
- Nada mais na minha vida importou. Eu queria ter voltado, te abraçado, ter tido filhos contigo, viver minha vida toda ao teu lado...
- Carolina, tu voltaste... Nós casamos, tivemos filhos, netos, até dois bisnetos, que levam teu nome e o meu.
- Não pode ser...
- Assim foi.
- Não lembro de nada, só que te amava muito.
- Assim ainda é, querida. Nós vivemos juntos todos esses anos.
- É?
- Sim, querida.
- E o Duarte?
- Que Duarte?
- Do seu Timóteo, da padaria. Eu não casei com ele?
- Com o prefeito?
- Não sei, só lembro de estar com ele no depósito.
- Carolina?
- Noites e noites... Será que sonhei?
- Ele está ali na sala, esperando para te ver...
- Ah, o Duarte...
- Mas Carolina, e eu? E nosso amor?
- Nosso amor deve ter sido maravilhoso, querido, mas o Duarte... Ai, ai, com Duarte era uma coisa de carne, entende?... Oswaldo, onde eu estive?
- Faz anos que tu tens estado ausente, sem reconhecer ninguém. Pelo visto agora estás te lembrando mais do que na vida toda lembrou de mim!
- E a Selma?
- Tua prima?
- Sim. Tenho saudades dela...
- Ela morreu há mais de trinta anos.
- É? Que pena... Mas nós aproveitamos...
- Garanto que até ela sabia... Tua maior amiga... Meu Deus, Carolina... Eu era corno por tanto tempo?
- Dormíamos junto tantas vezes...
- O quê? Com a Selma?... Na infância, suponho...
- Que nada! A gente se beijava, experimentava tudo... Lembro e me arrepio até agora... Aquelas tardes na praia, os cursos que inventávamos... Ah, a viagem à Europa que tu nos deste...
- O que? Carolina, tu não estás bem. Acho que eu também não estou muito bem. Preciso de ar... E tu descanses, Carolina, tu estás tendo alucinações. Deves estar cansada demais...
- Meu corpo pode estar se indo, mas de repente tudo está claro como se fosse um filme em tecnicolor...
- De ficção, espero.
- Não, Oswaldo...
- Mas a gente viveu juntos tanto tempo e eu nunca pensei que...
- Oswaldo, querido. Todos temos nossos segredos. Tu mesmo...
- Eu o quê?
- Sim, eu te vi e sofri muito.
- Como assim?
- Com a Dulce.
- Tua irmã?
- Sim. E madrinha de nossa filha mais velha... Ah, e com a Dorotéia.
- A empregada... Como tu sabias e nunca me falou nada. Por quê?
- Oswaldo, Oswaldo... Não me peças respostas agora. E teve mais...
- Me perdoe, me perdoe!
- Já te perdoei a tempo e da melhor forma possível.
- Carolina, tu não queres descansar?
- Lembras do Adolfo?
- Que Adolfo?
- O Adolfinho.
- O filho de minha irmã, meu afilhado?
- Sim.
- Não me diga que...
- Aham.
- Carolina??
- Ah, Oswaldo, nós fomos tão felizes...
- Carolina, tu vais descansar agora, por bem ou por mal!
contado por SV às 17:53 3 contando encontros
08 maio 2007
Noite
Abriu os olhos e adormeceu. Ao seu lado, ele deitado com sua barriga peluda para cima, que sobrepunha à cueca escondida entre suas dobras. Seu corpo exalava um bife acebolado, um croquete da padaria, uma cachaça há muito tempo envelhecendo no seu próprio barril de cintura. Entre um ronco e outro, gemia como se lhe convidasse a vomitar.
Levantou-se da cama, acendeu um cigarro e foi à janela procurar um espaço para jogar-se.
Ele cerrou seus olhos e acordou-se. Ao seu lado, respirando suave, reinava estendida em seus lençóis aquela mulher de cor de canela, de seios firmes e carnes bem dispostas. Assim, deitada de lado, não disfarçava a curva do desejo que se estendia entre sua cintura e seu quadril, descendo pela coxa, deixando a vista seu tufo de veludo que parecia pulsar de desejo. Tirar-lhe desse encanto seria somente para trazer-lhe o gozo num corpo que vibrava ao simples acariciar de sua pele. Ansiou por vê-la sorrir e sem abrir os olhos, debruçar os lábios contras os seus.
Ergueu as pálpebras e desvaneceu-se perante a vista trágica daquele corpo branco, quase azulado de uma pele que mal cobria os ossos que agonizavam perante seu aroma de cigarro recém fumado. A carne murcha, pele vincada e um cenho sisudo, mesmo adormecido, poderiam fazer-lhe morrer de susto a qualquer madrugada. Entre um resmungar e outro, tossia num tom grave que só os fumantes moribundos atingem.
Saiu da cama, buscou o chinelo, foi até a cozinha e tomou um trago, na esperança de morrer engasgado.
A noite confunde o sonho, mas não afugenta o medo do escuro que habita quem entrega a vida ao pesadelo.
contado por SV às 07:29 16 contando encontros