11 novembro 2005

Preciso Parar

Estação São Leopoldo - Museu do trem

Quando cheguei a Catende percebi que chegara à estação de partida. Sim, isto mesmo! Respirar, concentrar e... control + alt + del! Preciso retomar meus livros, rever filhos, folhar álbuns e visitar pessoas que já se foram para onde esse trem não vai. Vou chorar, rir, dizer que voltei. Tenho que tomar meu trem, tomar ar, tomar chimarrão. Preciso parar de não querer parar. Preciso parar de não me deixar parar.

Antes de tomar o trem, vou mergulhar na mata, buscar um tempo que não foi meu, vou andar por Catende, seguir o luminoso do Cine Teatro Diamante. Vou entrar, escolher a poltrona do centro e relaxar. Costumo sentir saudades do que não vivi e disso também preciso parar.

Comigo levo só um bloco de anotações e, para não deixar passar o que ficar para trás, levo minha máquina digital de cinco megapixels só para trazer meu passado de fotos em preto e branco de volta à vida.

O trem que me leva, não tem campainha, não tem companhia, não tem fiscal, mas preciso partir. Vou deixar para trás meus emails, meus CDs, meus blogs favoritos e vou descer na
Estação Rio dos Sinos. Lá, vou reencontrar minhas pegadas, como um caçador perdido na selva andando em círculos.
Ao passar em São Leopoldo, esse trem trará pelos trilhos os gritos de crianças me oferecendo pastéis, rapaduras e gasosas de um tempo distante em fotos em tons de sépia. Vou encontrar aqueles velhos manuscritos que deixei em alguma gaveta nos lugares que cresci. Vou sentar nas sombras de cinamomos e, quem sabe, encontrar aquela amiga de infância, pular sapata, cantar uma marchinha antiga de Carnaval.

Tenho passagem marcada na vida, na estação de Catende, rumo ao sul, a Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, onde esse trem me levar. Depois, com a mala cheia de amor, volto a Catende, como tapioca, entro no teatro e volto a minha estação, pressiono power e me conecto com tudo o que me fez parar.

Texto em homenagem à Santa madrinha desse blog, porque onde havia Pedra encontrei Flores

9 comentários:

Portobello disse...

Precioso viaje por caminos poéticos. He percibido ese lirismo, y "donde había piedras encontré flores" suena a belleza. Voy a publicar hoy un post sobre Brazil en homenaje a vuestras visitas. Un abrazo. Ahora también se hablará de vosotros en la radio. Radio Canarias.

Hannah disse...

He viajado contigo con el tren de las palabras y de las nostalgias de lo que nunca se tuvo... He hallado flores, dónde había sólo piedras, y me he parado ahí, en medio de la nada, lejos del tiempo, cerca de la eternidad.

Un abrazo fraterno.

Hannah.

Anônimo disse...

Lindo texto e mais lindo ainda esse povo em espanhol por aqui, prestigiando. Sinal de talento! Seu talento! Um beijo!

Santa disse...

Sílvio, que bom que resolveu seu problena no PC. Não sobrevivo sem as suas marcantes, pontuadas, firmes e dóceis visitas.

A surpresa está de "matar"!!!! Ainda bem que vc conhece todos os meus "lados", não só santinhas e flores...rs

Bjsssssssss

Jean Scharlau disse...

Não é que trouxeste na Maria Fumaça, o universal de nossa aldeia ?!

Lata Mágica Recife disse...

Escrevemos uma mensagem aqui e desapareceu!!! Será que enviamos a outro blog???

A gente dizia que está linda esta estação e que lembrou a música da Adriana Calcanhoto (gaúcha).

Deixamos um recado no nosso blog a todos os nossos visitantes. Por favor passem lá.

Nosso abraço.

Clê disse...

Bem que eu que queria voltar , nem que por uns instantes, ao ponto de partida!!!

Sílvio, você viu que a nossa SANTA, levou hoje NOTA 10, no Jornal O GLOBO??? Ela merece!!!

Bjs

Rosario Andrade disse...

Querido Silvio,
tao bom viajar consigo por essas paragens que desconheco... da vontade de visitar e seguir seus passos!

Vi a referencia ao Mirandes... fico muito feliz pelo interesse na lingua. Ja agora conseguiu obter as informacoes que procurava?

Abracicos!

Eduardo Waghorn disse...

No soy experto en portugués, pero algo entendí, tienes un blog muy interesante. Saludos desde Chile.